16 anos. Era a idade que eu tinha, quando joguei pela última
vez um torneio de Tênis. Hoje, mais precisamente na terça-feira, oito anos
depois, voltarei a entrar numa quadra de saibro e disputar novamente uma
competição. Daquele Diego do passado, o jogo mudou, a idade chegou e a cabeça
melhorou. O saque, muito mais pelo tamanho do que pela técnica, e a direita
seguem intactos. A esquerda que antes só passava, atualmente nem para pegar
ônibus serve. Em contrapartida, o voleio (fruto dos treinamentos do frescobol) evoluiu
e tornou uma arma secreta. O preparo físico que fora invejável, agora é uma
incógnita.
Dores no joelho, braço e tornozelo apontam que a idade
chegou, ou seria experiência. A cabeça fraca de antes, hoje é superior. Se
levarmos em conta o jogo psicológico que é o tênis, então posso dizer que levo
vantagem. O físico é aquele de antes, com um pouco mais de barriga e fadigado.
Talvez nas deixadinhas, ou melhor quase certeza que nem todas eu chegarei,
assim como aquelas bolas laterais. Afinal, já dizia o meu preparador físico e “paitrocinio”,
quanto maior você é mais difícil sua locomoção. E vejamos que, oito anos depois
dei uma crescida né.
O tênis sempre foi a minha grande paixão. Jogo desde os nove
anos, na época motivado por um rapaz chamado Gustavo Kuerten, que seria número
um do mundo, minha principal referencia, ídolo maior e tudo mais que a pessoa
GUGA signifique para você, ou para mim. Infelizmente chegava uma época da minha
vida, que teria de optar pela faculdade ou pelo profissionalismo. Tênis é um
esporte caro, patrocínio eu não tinha, então a opção foi estudar jornalismo e
quem sabe um dia trabalhar na área de esportes, e se fosse com o tênis que
tesão.
Daí, quatro anos se passaram e vieram estágios, estudos,
trabalhos, viagens, rolos, namoros, compromissos, e o tênis foi ficando de
lado, esquecido, lembrado vagamente na minha mémoria e nos torneios que
assistia pela TV. As raquetes criavam teias em cima do armário, a raqueteira
antes usada acabou rasgada e doada. Os troféus colocados em estantes, para que
eu pudesse olhar, e pensar “um dia eu fui bom nisso”, e mais do que isso
mostrar para filhos e netos como motivo de orgulho. E a pergunta ficava, porque
não voltar a jogar ?? A falta de tempo, eu respondia.
Foi quando, naquelas surpresas da vida, o ano de 2014 lá
para meados de setembro/ outubro, o tempo livre apareceu e as desculpas antes
dadas não eram mais motivos para ser levados a sério. Dos males o menor, afinal
tempo de sobra eu tinha. As raquetes antes enferrujadas foram trocadas por uma
mais nova, com colaboração de um grande amigo, antes rival e hoje professor.
Bolinhas novas foram adquiridas, e a confiança e alegria foram voltando. Sabe,
quando você resolve parar por um instante e analisar a sua vida. Pois bem, a
minha foi o tênis, reencontrei a felicidade, o prazer, o intensidade com aquilo
tudo. Impressionante, como uma quadra de saibro, um adversário, uma raquete e
três bolinhas podem te fazer tão bem.
Lembram, quando eu disse alguns parágrafos acima, que a
ideia era trabalhar com tênis, dentro do jornalismo. Pois bem, a oportunidade
ainda não apareceu, mas sigo na luta pelo meu sonho. De consolo, apareceu uma
chance de jogar um torneio só com jornalistas esportivos. Imagine só que legal,
estar no meio de caras monstros do jornalismo esportivo, e ainda por cima poder
dividir e jogar uma partida com eles.
Nestas coincidências da vida, na terça-feira (13), vou ao
Clube Sírio Libanês em São Paulo, retomar aquilo que parei ao 16 anos. Hoje com
24, mais experiente, com cabelos brancos e a direita ainda potente, irei
encarar caras como José Nilton Dalcin, Felippe Andreoli, Matheus Fontes e
diversos outros jornalistas que terei o prazer e a emoção de enfrentar. Que eu
tenha braço, perna e físico de sobra para conseguir alcançar as finais e quem
sabe mais um troféu para minha estante. Obrigado tênis, obrigado jornalismo,
por me proporcionar novamente esta alegria de viver.